sábado, 19 de abril de 2014

Informativo Surdocegueira e Deficiência Múltipla

Francisca Anice Bezerra¹

Apresentamos a seguir algumas informações importantes sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla.
Surdocegueira “é uma condição que apresenta outras dificuldades além daquelas causadas pela cegueira e pela surdez...” conforme Lagati (1995) citado por Bosco; Mesquita; Maia, 2010.
Para McInnes (1999), citado por Bosco; Mesquita; Maia. 2010 “a surdocegueira é uma deficiência única...”
O termo surdocegueira se refere a pessoas que tem perdas visuais e auditivas concomitantes em graus diferentes, podendo ser: Surdocego total; Surdocego com surdez profunda associada com resíduo visual;Surdocego com surdez moderada associada com resíduo visual; Surdocego com surdez moderada ou leve com cegueira; Surdocego com perdas leves, tanto auditivas quanto visuais. Maia, 2011.
Dependendo do período em que surge a Surdocegueira ela é definida como: Surdocegueira congênita ou Surdocegueira adquirida. Maia, 2011.
De acordo com a idade em que a surdocegueira se estabeleceu pode-se classificá-la em Surdocegos Pré-lingüísticos ou Surdocegos Pós-lingüísticos. Bosco; Mesquita; Maia ,2010.
Já a deficiência múltipla é considerada como uma associação de duas deficiências ou mais, no Brasil, e na América Latina, América do Norte, Europa, Ásia e Oceania a Deficiência Múltipla só é considerada se há nas associações das Deficiências a Deficiência Intelectual. Maia, 2011.
No Brasil pode ocorrer a Deficiência Múltipla: Física e Psíquica; Sensorial e Psíquica; Sensorial e Física; Física, Psíquica e Sensorial. Maia, 2011.
Segundo IKONOMIDIS, 2010 a Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989 define Deficiência múltipla como “a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (intelectual / visual / auditiva / física), com comprometimentos que acarretam conseqüências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa”.
A pessoa com surdocegueira pode fazer o conhecimento do mundo pelo uso dos canais sensoriais proximais como: tato, olfato, paladar, cinestésico, proprioceptivo e vestibular. Já na deficiência Múltipla ela sempre terá o apoio de um dos canais distantes (visão e ou audição) como ponto de referência. Maia, 2011.
No Folheto FACT 3 ( Trad.Ikonomidis, Maia, 2008) encontramos informações importantes como Comunicação é a troca de informação entre duas ou mais pessoas.” (...) “Sistemas de comunicação não simbólica são freqüentemente individualizados para cada individuo e pode ser não convencional em sua natureza (...)Todos nós usamos formas de comunicação não simbólica em uma variedade de maneiras diferentes todos os dias.” Algumas pessoas que tem surdocegueira ou tem deficiências múltiplas usam sistemas de comunicação não simbólica para tornar suas necessidades conhecidas.
De acordo com Bosco; Mesquita; Maia ,2010 “Sem os sistemas adequados de comunicação, o avanço nos estágios de desenvolvimento da linguagem pode levar mais tempo para ocorrer.” (...) “Prioritariamente deve-se, portanto, disponibilizar recursos para favorecer a aquisição da linguagem estruturada no registro simbólico, tanto verbal quanto em outros registros, como o gestual, por exemplo.”
ROWLAND e SCHWEIGERT (Tradução Acess. Revisão: Maia, 2013) diz “A premissa de um sistema de símbolo tangível é usar símbolos concretos como um sistema de comunicação. Pode ser objetos inteiros, partes de objetos, objetos associados, texturas, formas, fotografias, ou desenhos.”
Um recurso que pode ser usado com alunos com surdocegueira ou com deficiências múltiplas são os calendários de diferentes tipos, ou seja, “instrumentos que favorecem o desenvolvimento da noção de tempo e que ajudam os alunos a estabelecer e compreender rotinas(...) são úteis no desenvolvimento da comunicação, no ensino de conceitos temporais abstratos e na ampliação do vocabulário, conforme Maia et AL (2008) citado por Bosco; Mesquita; Maia ,2010.
A avaliação das necessidades dos alunos com surdocegueira e com deficiência múltipla, a análise dos desafios postos para eles e o planejamento dos recursos para a aprendizagem desses estudantes deverão acontecer conjuntamente entre o professor da sala de recursos multifuncionais e o professor da sala comum visando promover as adequações que ajudarão na participação desses alunos na turma.
Dentre os recursos a serem usados no processo de aquisição de um sistema de comunicação destacamos:
·         Objetos de referência;
·         Caixa de antecipação;
·         Calendários;
·         Adequações visuais, táteis, etc.

·    E os diferentes tipos de sistemas de comunicação descritos no Kit de idéias.

¹Graduação em Pedagogia, Biologia e Economia Doméstica. Especialização em Gerontologia e em Formação Continuada de Professores para o Atendimento Educacional Especializado - AEE (em andamento). Atualmente Professora de AEE/Sala de Recursos Multifuncionais em Horizonte – CE.

Referências

§     BOSCO, Ismênia C. M. G.; MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e Deficiência Múltipla (2010).
§     Folheto FACT 3 – COMMUNICATION / Primavera 2005 - Lousiana Department of Education 1.877.453.2721 State Board of Elementary and Secondary Education. Tradução: Vula Maria Ikonomidis. Revisão: Shirley Rodrigues Maia. Junho de 2008.
§     Goold, Louise; Borbilas, Phyllis; Clarke, Annette; Kane, Carol. Focalizando as Necessidades de Comunicação do Indivíduo com Deficiências Múltiplas - Kit de Ideias: North Rocks Press, 1993. Tradução Laura Lebre Monteiro Ancillotto 1999 - Revisão Shirley Rodrigues Maia e Vula Maria Ikonomidis 2012.
§     IKONOMIDIS, Vula Maria Apostila sobre “Deficiência Múltipla Sensorial”, 2010 sem publicar.
§     MAIA, Shirley Rodrigues. Aspectos Importantes para saber sobre Surdocegueira e Deficiência Múltipla, 2011.
§     ROWLAND Charity e SCHWEIGERT Philip - Soluções Tangíveis para Indivíduos Com Deficiência Múltipla e ou com Surdocegueira. Apostila In mimeo. Tradução Acess. Revisão: Shirley R. Maia - 2013.